quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Já esqueceram de mim?

Ele sentou na areia molhada e desconfortável. Acendeu um cigarro. Ele não arrumou a areia embaixo da bunda pra se sentar melhor. Ficou lá daquele jeito, todo torto. Acendeu outro cigarro. O mar estava calmo, a maré estava baixando. Depois de algumas horas, a noite foi chegando e com ela, o frio. O homem continuou lá sentado esperando que o mar ficasse mais quente e que a areia embaixo da bunda dele se ajustasse pra que ele ficasse mais confortável. Mais um cigarro ele acendeu.

O dia nasceu. O homem acordou todo torto e dolorido. O nariz roxo de tanto frio. Ele acendeu um cigarro. A maré começou a subir novamente. O homem rezou muito pra que não fosse levado pro mar. Rezou pra que a areia elevasse seu corpo e a água não o afogasse. O homem rezou. E acendeu mais um cigarro.

Um jovem com uma prancha de surf passou correndo em direção ao mar. Alguns passos depois do homem o jovem se virou e perguntou:

- O senhor precisa de ajuda? A maré vai subir e o senhor pode se afogar!

O homem ficou muito bravo com o comentário do rapaz mas ainda assim foi educado.
- Não, obrigado. Eu sei como eu cheguei aqui. Não há nada que eu possa fazer. - e acendeu outro cigarro.

- Eu posso ajudá-lo! Dê-me sua mão. - o jovem respondeu indignado.
- Obrigado. Eu não preciso da sua ajuda. Não há nada pra se fazer. Não nada que eu possa fazer. 

O jovem então decidiu chamar um profissional pra retirar o homem daquela situação. O homem recusou qualquer ajuda e continuou afirmando que nada mudaria. Ali era o seu lugar. Ele acendeu outro cigarro.

Seus filhos, esposa, irmãos e amigos vieram pedir que o homem se levantasse. Todos choravam implorando que homem aceitasse uma mão. 

- Não! Já estou aqui há horas. Não há nada que ninguém possa fazer. Eu não preciso mudar. 

Ele acendeu outro cigarro.

A maré começou a subir cada vez mais rápido.

Os familiares e amigos choravam juntos. Eles não acreditavam no que o homem estava fazendo. Eles queriam ajudar, sentiam falta de seu pai, marido, amigo, irmão e tinham medo que o caminho estivesse ficando irreversível. 

O homem acendeu mais um cigarro.

Os filhos do homem decidiram ir pra casa. 
- Ele não nos ama. Ele não quer viver e nos ver crescer. Por que, Deus? De onde vem tanta amargura? Por que ele não pode cuidar disso? 

Depois foram seus irmãos.
- Meu irmão! Por favor aceite nossa ajuda. Não podemos ficar aqui pra sempre. Temos nossas famílias pra cuidar. Venha agora ou... 

O homem acendeu outro cigarro. Começou a ficar muito irritado. Mandou todo mundo pro inferno. 

A esposa se aproximou do marido e sussurrou: 
- Fique se é isto que quer. Mas não vai arrastar ninguém com você. Eu mereço ser feliz ao invés de ficar com uma pessoa miserável como você. 

O homem assoprou a fumaça na cara da esposa e apagou o cigarro na mão dela que acariciava seu ombro. 

Ela gritou, correu e se juntou aos outros. 

O homem acendeu outro cigarro e gritou:

- Por que não me deixam em paz? Vejam os outros! Eles se afogaram também. Ficou tudo bem! Isso é normal!

A família do homem olhou ao redor pela praia e viu os outros corpos todos lá deitados. Muitos sozinhos, alguns rodeados por familiares que não tinham força pra seguir suas vidas e se deixaram levar pelo doente. 

Eles foram embora. 

O homem nunca aceitou a ajuda, o jovem surfista nunca mais voltou àquela praia. A família e os amigos daquele homem seguiram suas vidas certos de que o presente não precisava ser determinado pelo passado e que tinham uma opção. Sempre poderiam fazer uma escolha. E acima de tudo, que independente da escolha feita, há conseqüências boas ou ruins mas que o mais importante era honrar as próprias escolhas e fazê-las por si mesmo, não pelo outro.

De cima, o homem viu sua família seguir em frente. Seus filhos crescerem e formarem suas próprias famílias. Viu a esposa casar-se novamente e ser muito feliz. Viu os amigos fazerem novos amigos. Ele viu também o quanto eles o amavam, e o quanto sua decisão de não levantar-se afetou seus amados. 

E pra sempre ele se perguntava: "E eu? Já esqueceram de mim?" e continuou acendendo todos os cigarros.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Como estão os dias

O frio chegou em Los Angeles.
Muita meia-calça, botas, cachecóis, chapéus, boinas, luvas e qualquer outro acessório que possa encontrar no meu guarda-roupa está agora no lugar das mini-saias, shorts e tank tops. 
Os dias tem sido lindos com muito sol, mas o vento não ajuda. 


Semana passada ventou tanto que algumas regiões da Califórnia estão sem luz até hoje. Não tenho assistido muito as notícias do jornal da manhã como normalmente faço porque a vida está corrida no final do semestre na faculdade, mas estou curiosa pra saber como estão os movimentos Occupy - se o pessoal ainda está ocupando Wall Street, LA, Oakland...

O pôr-do-sol tem sido cada vez mais cedo. Outro dia me peguei fazendo jantar às 3 da tarde.... 



As aulas de alemão são ótimas. Vou sentir falta da professora. Muito boa, prende a atenção dos alunos, nos mantém engajados, as aulas são sempre em alemão - acredite ou não eu sei de alguns outros professores de línguas que dão a aula em inglês mesmo. Como se aprende?!?!!? Tentei continuar no Alemão II semestre que vem, mas o horário bate com uma aula de moda que eu preciso fazer. Por isso, semestre que vem, Italiano será!

Ontem à noite eu e o marido decidimos que queríamos tentar fazer sushi em casa. Não ficou perfeito, mas ficou ótimo pra primeira tentativa. E no fim das contas, o gosto ainda era delicioso.






Fiquei de fazer um post sobre a exibição que fui de figurinos pra operas e teatro feitos por estilistas/marcas italianas como Armani, Missoni e Alberta Ferretti. Aqui, algumas fotos que tirei por lá










E agora o melhor carro estacionado de todos os tempos que vimos quando fomos comprar o peixe pra fazer o sushi:
Tchüss!!