sábado, 3 de abril de 2010

a história de Melissa - apenas o começo.

Melissa ama Alex.


Alex faz Melissa se sentir bem consigo mesma. Alex faz Melissa se sentir independente e auto-suficiente.


Ou é Melissa que faz isso consigo mesma?


Porque é que as coisas não funcionaram com Fábio? O Fábio também fazia Melissa se sentir bem.


Mas Melissa não se sentia assim sobre si mesma quando estava com Fábio. Era então culpa do Fábio?


Melissa ficou sozinha por um tempo. Melissa se sentia útil, inspirada, bonita, suficiente.


Então porque foi que Melissa abriu portas pra Alex?


Eu acho que é porque ela não PRECISAVA dele. Mas porque ela QUERIA ele. Quer.






Amor é amor? Ou amor é a conveniência de não ir à loucura, de não ter que dirigir milhas ou sofrer aquele frio na barriga porque desta vez, esse amor, atende o telefone quando você liga?


Melissa veio até mim pra me contar essa história. A história de Melissa pode ser uma lição pra você também.  Tenha uma boa leitura.

Um dia ela acordou e pensou: "Caralho... eu tô ficando louca".

Daí ela resolveu procurar alguma ajuda. A ajuda em casa era nula porque todo mundo trabalha e tem seus próprios problemas.

Ela queria atenção. Mas não era pouca não. Era atenção 24 horas, 7 dias da semana. E ela lavava a louça achando que todos apreciariam as boas intenções que ela tinha e alguém apareceria com um forte abraço. Ela alimentava as crianças - pra que ninguém tivesse que fazê-lo ao chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho. Ela fazia a cama do casal e acendia velas antes de eles chegarem em casa - do jeitinho que eles gostavam.

Tudo tinha um motivo. Ela queria ser notada. Mas nunca conseguia o queria. Ela esperava pela atenção e achava que o amor que ela tinha era baseado em tudo o que ela fazia pelos outros. E que um dia; um belo dia, ela seria recompensada com toda a atenção que ela queria.

Muito tempo se passou e ela começou a ficar muito cansada. Sua pele começou a enrugar apesar de sua pouca idade. Seus olhos estavam sempre vermelhos e inchados por causa da insônia e do choro. Sua capacidade de respirar era quase nula - ficava cansada só de lavar um pratinho. Seus cabelos, sem brilho, começaram a cair. As unhas, esverdeadas e mofadas. Ela já não tinha mais digitais.

Melissa ouviu falar sobre o Doutor Empório. Foi vê-lo. E esse foi o fim de sua vida.

De sua vida como era, pelo menos. Ela descobriu poder dentro de si mesma. Poder de auto-satisfação, poder de auto-suficiência. Como era bom passar tempo sozinha e como era prazeroso o silêncio em volta de Melissa. Sua pele voltou a ser branquinha, cheirosa e super sedosa. Seus cabelos começaram a nascer novamente. Só que desta vez os fios estavam saudáveis e brilhosos. Ela dormia como uma criança. Doutor Empório abriu as portas de uma vida para Melissa.

No entanto Melissa e Doutor Empório não poderiam trabalhar juntos e Melissa foi à caça de alguém que pudesse ajudá-la a fazer manutenção constante em sua vida. Foi então que Melissa conheceu Doutora Robins. Elas se deram bem logo de cara e tiveram um relacionamento lindo de mais de um ano. Dr. Robins ajudou Melissa a dormir bem sem ter que chupar aquelas balinhas ao deitar-se e como cuidar pra que suas unhas se mantivessem fortes pra sempre. Melissa se viu independente da ajuda de Dr. Robins e muito feliz com o progresso que tinha feito. Dr. Robins seguiu sua vida e Melissa encontrou alguém com quem ela se sentia interessante e não precisava se esforçar muito pra amar ou ser amada. Apesar de Melissa nunca ter esquecido de seus outros amigos, eles estavam fisicamente longe pra dar-lhe o que ela precisava. Mas agora, ela também não precisava das mesmas coisas. E suas conexões com seus amigos melhoraram demais.

Melissa encontrou em Alex algo que ela nunca teve antes. Tamanho suporte e confiança eram inimagináveis para Melissa, mas ela se viu imersa em um lugar protegido e bem cuidado e lá ela se enfiou. Alex ajudava Melissa em tudo e vice-versa. Eles cozinhavam juntos, arrumavam camas juntos, faziam compras juntos e mais importante - pra Melissa - era como Alex a aceitava e a ajudava no seu processo terapêutico. Melissa sente, ainda hoje, que todo dia é mais um dia de esforço pra que tudo fique bem. É um esforço pra lembrar o quanto ela é importante e como ela deve ser mais importante que qualquer outra pessoa - em sua própria vida. Alguns chamam Melissa de egocêntrica. Melissa gosta de dizer que é auto-suficiente. Eu acredito que ela seja mesmo.

Há algumas semanas atrás Melissa voltou pra terapia com outro médico e tudo tem sido um mar de rosas. Ela acredita que todo dia é uma batalha a ser vencida e se sente sufocada pelo próprio passado. Mas Alex está sempre lá pra ajudá-la. Melhores amigos. Melissa parece estar feliz.

Melissa descobriu durante o período em que estava com Doutora Robins que ela precisaria de suporte durante a terapia que não fosse apenas Dr. Robins. Ela procurava pessoas em quem poderia treinar seu auto-controle e usar as ferramentas que tinha conseguido para convivência num mundo de pessoas - não de pílulas. E ela passava de uma pessoa pra outra com mais e mais confiança em si mesma e sempre determinada a não deixar que ninguém a fizesse de boba. Nunca mais. Ela criou mecanismos de defesa bem fortes e se safou de várias enrascadas com eles. Porém um dia, Melissa percebeu que apenas treinar o uso de suas novas geringonças não era suficiente. Ela queria vivê-las. 

Por enquanto, Melissa tenta vivê-las com Alex e se sente confiante de que terá um início feliz com ele.

Vamos aguardar, pra quando Melissa quiser nos visitar e nos contar mais - novamente.